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segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Entenda o perigo dos inseticidas para a saúde das crianças

Lydia Cintra




Mosquitos e baratas incomodam muita gente. Por isso, produtos “milagrosos” e potentes, que prometem acabar com os bichinhos em uma aplicação, são naturalmente relacionados à proteção.

 As propagandas ajudam: os insetos vão embora e a família fica bem protegida…

O que a indústria não fala, no entanto, é que a exposição a componentes que fazem parte da fórmula destes venenos têm sido apontados por diversos estudos como a causa de problemas de saúde em crianças e adultos, dentre eles câncer.

De acordo com o livro “Agrotóxicos no Brasil – um guia para ação em defesa da vida”, de Flavia Londres, os inseticidas domésticos são fabricados com os mesmos princípios ativos dos agrotóxicos. No entanto, eles não dependem da aprovação dos órgãos de agricultura e meio ambiente. O registro fica por conta apenas da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) – motivo pelo qual escapam de ser classificados e fiscalizados como agrotóxicos.

Para Silvia Regina Brandalise, oncohematologista pediátrica, a exposição da população a esse tipo de produto é alarmante. “Não temos noção do tamanho do nosso inimigo”, ponderou a médica sobre os produtos com derivados de benzeno, como os inseticidas.

A médica foi uma das palestrantes do seminário “Os Agrotóxicos, seus Impactos na Saúde e as Alternativas Agroecológicas no Município de São Paulo”, que aconteceu na capital paulista no dia 15 de abril.


Problemas

Existe, segundo Brandalise, uma estreita relação entre diversos tipos de leucemia infantil, que aparecem principalmente nos primeiros anos de vida, e o uso de inseticidas. Quando o produto é aplicado, ele vai para o solo. A criança, que vive no chão e coloca a mão e outros objetos na boca, fica super exposta a substâncias tóxicas.

Um das grandes preocupações de quem estuda o assunto, no entanto, é o contato da criança ainda na barriga da mãe. “Uma quantidade pode ser pequena para um adulto, mas quando chega a um feto ou na criança durante a gestação é uma quantidade enorme, porque ela não consegue metabolizar”.
Pesquisas já detectaram a presença de inseticidas no leite materno e altos níveis de pesticidas (o inseticida é um tipo de pesticida) no mecônio (a primeira evacuação da criança), relacionados com exposição materna a algumas substâncias.

Algumas alterações moleculares decorrentes do contato com esses produtos também são responsáveis pela teratogênese, a má formação. No estado de SP, o óbito no primeiro ano de vida por má formação corresponde a 28% do total. “Nós estamos vivendo em um universo que está conspirando a favor do câncer, conspirando a favor das má-formações”, disse.

Outros fatores que estão ligados ao desenvolvimento de câncer nas crianças são o uso de hormônios na gravidez, contaminação com metais pesados, infecções e alterações genéticas.

Prevenção


Alertar contra o uso de inseticidas passa principalmente pela educação. “Somente por meio de conhecimento e educação as famílias vão tomar maior consciência sobre o risco que elas estão correndo”, defendeu a especialista, que deixou clara a importância de abolir (ou pelo menos diminuir) o uso de pesticidas para finalidades residenciais, escolas e creches.

E concluiu: “As necessidades e aspirações das crianças estão acima de ideologias e culturas, pois são as mesmas em qualquer sociedade. Elas podem ser uma força unificadora que ajuda adversários a respeitar uma ética comum”.

Assista ao vídeo completo da apresentação (11 minutos) abaixo:




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