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quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Análise aponta mais agrotóxicos que o permitido em produtos da Ceasa

Da RBS TV (*)



Local recebe frutas, verduras e legumes de praticamente metade do RS. Nove dos 20 alimentos estavam contaminados com 10 substâncias.

Análises feitas em cinco produtos vendidos na Central de Abastecimento do Rio Grande do Sul, a Ceasa, com sede em Porto Alegre, apontaram a existência de agrotóxicos em níveis maiores que os permitidos. Algumas das substâncias encontradas sequer têm o uso permitido no Brasil.

O presidente da Ceasa, Ernesto da Cruz Teixeira, diz que os trâmites legais são cumpridos, e que se alguma irregularidade é identificada, os produtores têm de passar por cursos e podem ser até suspensos.

As frutas, verduras e legumes vendidos na Ceasa vêm de praticamente metade do Rio Grande do Sul. Esses alimentos chegam à mesa de cerca de 5 milhões de pessoas.



A apuração feita com base em análises laboratoriais faz parte de uma série de reportagens da série Perigo no Prato, trabalho conjunto realizado pelo Grupo RBS.
No dia 15 de setembro, foram comprados alface, cenoura, morango, pepino e pimentão em bancas escolhidas de forma aleatória. De acordo com a lista elaborada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), são esses os alimentos com a maior incidência de contaminação por agrotóxicos.

Especialistas da Universidade Federal de Santa Maria analisaram as amostras. Conforme o departamento de química da instituição, nove dos 20 alimentos analisados estavam contaminados com 10 diferentes tipos de agrotóxicos.
Os químicos Acefato e Metamidofós foram encontradas em quatro alimentos. O segundo teve o uso proibido no país há quatro anos, após estudos apontarem para os riscos ao sistema nervoso, endócrino e ao aparelho reprodutor.
Em uma amostra de cenoura foi encontrado Quinoxifeno, usado para o controle de fungos na planta. No entanto, não existe estudo nem registro para o uso deste fungicida no país.

Os maiores problemas foram verificados no pimentão e no morango. Isso porque oito agrotóxicos foram identificados nas amostras analisadas.

Entre substâncias encontradas estava o Imidacloprido, produzido à base de nicotina e usado para matar insetos nas lavouras de morango. Quando consumida por seres humanos, age no sistema nervoso central.
Para o especialista Renato Zanella, professor do Laboratório de Análises de Resíduos de Pesticidas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), os resultados são preocupantes.

"Eu diria que sim, porque eles indicam uma deificiência em termos de aplicação das normas de aplicação agrotóxicos. Uma vez que se está acima do permitido, as boas práticas agrícolas não estão sendo observadas. Provavelmente em função de aplicações mais frequentes do que o usual, e também na observância do intervalo de carência entre a aplicação e a colheita para comercialização", disse.

Atento ao uso excessivo de agrotóxicos em produtos da Ceasa, o Ministério Público propôs há quatro anos um TAC (Termo de compromisso de Ajustamento de Conduta) para prevenir e reprimir abusos.

"O termo de ajuste de conduta é mais um instrumento para fiscalizar política pública, saúde dos consumidores. E estava lá a previsão de 20 análises mensais, que na verdade não se pode dizer que está sendo cumprida, mas de um modo geral está se atingido um número próximo dessas amostras. O TAC vem sendo cumprido, mas com dificuldades no estado", comentou a promotora Caroline Vaz.

A quantidade de 20 análises por mês, citada pela promotora, nunca foi alcançada. Nos últimos três anos, foram realizados 240 exames em cada um. E em todas as análises, as amostras apresentaram contaminação por agrotóxicos.
O presidente da Ceasa aponta como problema a estrutura do Laboratório Central do estado, responsável pelas análises.

"A Ceasa, para cumprir o TAC, se não tem laboratório, não pode cumprir. A máquina do laboratório ficou estragada uns seis meses. Nós mandamos várias notificações", destacou Ernesto da Cruz Teixeira.

"Eu vejo com muita preocupação essa questão do agrotóxico. Eu sou um cidadão, tenho filho, netos, me preocupo muito e cobro que esse TAC seja cumprido. Mas quero deixar bem claro e transparente. Nós, da Ceasa, estamos cumprindo integralmente o que está escrito aqui no TAC, sem problema nenhum.

Agora, nós lamentamos que os produtos tenham problemas. Quando têm, produtores recebem cursos de boas práticas, são suspensos, produtos saem do mercado ou alguma coisa assim. Respeitamos os trâmites da lei", acrescentou o presidente da Ceasa.

O termo previa cursos de qualificação, advertência e suspensão aos produtores que apresentassem irregularidades. Mas, para a promotora, o acordo está sendo desrespeitado.

"Disponibilizar produto impróprio para consumo é crime previsto na lei 8.137. Temos já alertado fornecedores. A pena varia de 2 a 5 anos. Temos poucas condenações na esfera criminal", disse a promotora.
A próxima reportagem da série Perigo no Prato vai mostrar os efeitos que os agrotóxicos podem provocar na saúde.

(*) Fonte acesse e veja o vídeo com a reportagem  : G1 Rio Grande do Sul

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